domingo, 30 de agosto de 2009

Mamute ou Gambá?

Ao assistir – pela milésima vez – o filme A era do gelo 2, senti – pela milésima vez – a vontade de escrever sobre a maute que acreditava ser gambá.
A Mamute Helen viveu desde sempre com seus “irmãos” gambás, aprendeu todos os hábitos de gambá, dormia, comia, se escondia, tinha hábitos noturnos, tal qual esta espécie.
Pois bem, indo direto ao ponto: Tantas e tantas vezes os deficientes e a deficiencia em si foi tratada como problema ou como perda, como semdo algo que denotasse inferioridade, que de fato, as pessoas com essa característica, passaram a acreditar que tinham algo lhes faltando, que ser normal era objetivo principal de suas vidas.
Mas por mais q se queira ser gambé, a Helen sempre foi mamute.
Muitas pessoas com deficiência optam pela medicalização, pela polianização de sua deficiência, optam por escolherem o caminho q nos ensinaram ser o mais “fácil” de aceitação, o de se sentir normal.
Oras! Não quero essencializar situações - deus me livre - mas acho que este é um ótimo exemplo a ser tomado aqui. Pois, somos aquilo que sentimos ser mesmo que tudo nos coloque em um patamar ou posição contraria. Posso ser surdo e desejar ser ouvinte, ser ouvinte e estar inserido na cultura surda. Posso ter baixa visão e achar que por causa disso é só usar alguns artifícios e me achar o mais normal dos seres, colocando para baixo do tapete minha baix bisão.
Mas particularmente, prefiro pensar que desde a muito tempo querem que as pessoas com deficiências desejem ou se sintam normais, que esqueçam a sua identidade de pessoa com deficiencia, que se achem na normalidade, aniquuilando a diferença. Mas por mais que queiramos, jamais a normalidade nos tocará, por mais que queiramos ser gambás, um dia alguém nos fará lembrar que somos mamutes!
O caminho é pedregoso tal qual o poema de drumond comtanas pedras no caminho, mas se todos admitíssemos e aceitássemos a deficiencia como uma constituição de nossoser, como uma característica de nossa individualidade, como uma identidade possível, talvez o caminho se torna-se menos tortuoso.
Que papel temos nós no apagamento de nossas diferenças?
Somos o que queremos ou o que querem que sejamos?
Buscar a normalidade é polianizar a deificiencia?
No fim de tudo a mamute ao se encontrar com outro mamute – que não acreditava existir, passou por um momento crucial, percebeu que podia se assumir como maute, que poderia viver com alguém com as mesmas características que ela, e assim amobos foram felizes...Serra que se nós com deficiência luarmos mais por formarmos um frupo consolidade e lutarmos menos nas fileiras da normalidade não seremos mais.. felizes?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Admiravel mundo Virtual: viva a diferença!

Desde sempre fui considerado, retrogrado, atrasado, militante resistente a dominação tecnologica. Rendo-me ainda que não por completo. A algum tempo Venho tomando uma nova ideia sobre o assunto, não falarei aqui das minhas objeções as novas tecnologias, elas realmente existem.
Mas realizando minhas pesquisas no orkut sobre as pessoas com deficiência visual, dentre tantas e tantas coisas que aos poucos vou dividindo aqui, agora nesse momento senti muita vontade de falar sobre uma delas...
Se lhe perguntassem a algum tempo como seria possivel um surdo e um cego conversarem sem que alguem intermediasse a conversa? talvez não se tivesse uma resposta clara e q tivesse concretude. A partir dfo desenvolvimento dos blogs, sites de relacionamentos isso tornou-se mais que possivel, se tornou um fato real e concreto,
Em uma das comunidades que analisei pude verificar estes dialogos, ainda incipientes e muito curtos, mas o que me tocou de verdade foi a alegria em ambos de conseguirem se comunicar, de trocarem experiencias. Existem mais semelhanças entre os surdos e os cegos do que se pode imaginar e isso ficava claro nos dialogos- bem como em meus estudos - e o que se pode perceber é o quão salutar e empolgante é a diversidade possivel no mundo virtual, as portas comunicacionais que se abrem, trocas de ideias e de sentimentos. Confesso ter ficado emocionado de fato ao ler aquelas pessoas conversando, pois é tras disso que corro é isso que busco, interação, amizade, diversidade ressaltar a diferença e fazer-se notar a maravilha que isso representa.
A normalidade pode estranhar tal relação surdos-cegos (baixa visão) mas para quem ainda duvida da diversidade ai está. Não como utopico, não como perfeição, mas como realidade.
e eu que cada vez mais adentro este terreno quanto mais diluo fronteiras e e amplio as intersecções da deficiencia visual com a"cultura surda" (o entre aspas aqui é por uma questão não de ironia, mas de alguma divergencia teorica do termo), mais percebo as relações possiveis e estes dialogos encontrados no orkut me fazem notar que este mais que um caminho possivel é um caminho concreto.

sábado, 8 de agosto de 2009

um vulcão de emoções

Mas o que um deficiente visual faria em um estádio se pouco ou nada pode enxergar? Já me antecipo a questão antes de iniciar o texto, mesmo porque foi ela que me motivou a faze-lo.
Faço aqui uma afirmação categorica: Não há uma emoção mais forte e eintensa a ser sentida coletivamente do que um gol em clássico ou em final de campeonato de futebol quando se está no estádio. Não falarei da violência nos arredores ou dentro do recinto, pois isso os jornais já noticiam.
Eu, quando costumava ir ao estádio utilizava radios para saber o que se passava no campo, na verdade eu não enxxergava quase nada, pra nao dizer que via só um campo verde com objetos se movendo. No entanto não há lugar melhor para assistir a uma poartida de futebol que a arquibancada.
Cada lance parece ser vivido como a emoção derradeira, se perdido lamentado como sentença de morte, se convertido, uma alegria que se o mundo ali findasse nem nos aperceberiamos.
O barulho ensurdecedor daquele canto da torcida serve como uma canção que hipnotizxa e inebria os sentimentos, somos tomados por aquela emoçlão toda, dividindo com os jogadores lance a lance, correndo, brigando, cabeceando e chutando. Cantando esqueço das desilusões, berrando pelo meu time encontro a força da massa, a alegria de um momento tão singelo ser perfeito: não se´~ao perfeitos os momentos de alegrias mais simples e vis?
Ver todos irmanados no mesmo intuito, de torcer, torcer e torcer - como diria o hino do america-RJ - sonhar em ser um deles, vibrar, chorar, esbravejar. Um gol em final de campeonato é algo indescritivel, nem tentarei comentar isso por ser tarefa impossivel. Só sei que pessoas que sequer se conhecer se abraçam como se irmãos fosse, a realidade nua e crua do mundo é esquecida, somos tomados de tal felicidade que nada pode ser maior.
Tudo isso faz parte da imensa gama de SENTIMENTOS e por isso não é preciso ouvir, andar ou enxergar para vivenciar. Mesmo quem não enxerga pode se divertir, ficar tirste ou o que desejar num estádio, ver o jogo de futebol é o menos importante, o que vale é sentir e nisso por mais que os preconceitos existam, nunca irão nos atingir, pois os sentimentos são indestrutiveis.

É preciso olho grande para comer?

Ir a um restaurante em Porto Alegre ou qualquer outra cidade que eu tenha conhecido é um ato necessariamente dependente de alguém, ou se não for assim, passarei fome. Os cardápios estão com as letras cada vez menores, as opções de pratos, as figuras coloridas e apetitosas tomam completamente o espaço das letrinhas de bula de remédio. Nos fast foods é mais fácil é só decorar o número dos pedidos e tacar logo: um número 1 por favor! E pronto. Mas nos demais casos preciso pedir auxilio para que a minha paciente companhia leia um por um dos tipos de pratos existentes, seus ingredientes e acompanhamentos ou entradas, já que enxergar tudo aquilo é tarefa que a mim não há possibilidade alguma.. Mesmo os cegos deveriam ter um cardápio especificamente em braile,afinal, se as pessoas não se deram conta estes sujeitos também comem, consomem, vivem. Certa vez me senti bastante insatisfeito e perguntei ao gerente do estabelecimento por que as letras do cardápio eram tão pequenas, e eis que me respondeu de um modo que confesso me fez levantar e ir embora, disse ele: “Se o senhor não trouxe seu óculos, peço a um garçom que o acompanhe e leia cada uma das opções, como um mimo do restaurante” Mas oras! Quem disse que acessibilidade é mimo? Porque eu preciso ir ao restaurante”de óculos”? é um absurdo como as pessoas ainda encaram a acessibilidade e o direito a autonomia de cada um como um presente, uma concessão, um “mimo” e não como um direito de cada um e um dever de todos. Esta tudo errado quando o direito se torna um sentimento de benevolência.

Uma brilhante alma equilibrista

Ela não é deste planeta!!!
Adriana Deffenti em seu novo show, Alma equilibrista, demonstrou o quão ainda temos a aprender e a apreciar a boa mmúsica. Muita gente que conheço lamenta que ela não tenha tanto reconhecimento da midia, mas de certa forma acho isso até bom, pois deixem a midia com sua mediocridade e jabas de todo sempre. Fiquemos com a verdadeira boa música.
Naquele sábado frio, meio clima europeu até, o Teatro do CIEE transpirava um clima de Velho mundo mesmo, as acomodações muito boas, a iluminação perfeita, o acesso fácil e claro - AS LETRAS ERAM GRANDES E LEGIVEIS - tudo estava criando um clima de ansiedade e espectativa. Já conhecendo o trabalho da Adriana eu sabia que algo de muito bom estava por vir. Mas por incrivel que pareça ela sempre surpreende!
Não assisti a um show, eu presenciei uma obra de arte. Cantando em francês, inglês, espanhol e português mostrou toda sua versatilidade como cantora, como instrumentista, como artista multifacetada. Cantou o amor nesses vários idiomas, em suas várias formas, nostrazendo suas nuances, suas imperfeições suas maravilhas.
Ao ver Adriana no palco me senti voltando a um tempo que eu nem vivi, mas do qual sinto profunda saudade... ah como eram boas as canções antigas, lembrei-me dos anos dourados, da época em que as cantoras realmente sentiam o que cantavam. Eis outro mérto, a todo momento em que cantava e desfilava seu vasto repertótio de textos, a cantora permitia que sentissemos o que estava posto em cada palavra, transmitia com exatidão o sentimento intenso de cada instante. Nos tomava pela mão e nos levava para dentro de nós mesmos, com seus olhares, gestos, sua voz encatadoramente privilegiada. Tudo que eu venha a dizer não conseguirá se aproximar daquilo que só quem esteve lá pode entender. Me senti protagonista de cada canção, como se tudo aquilo fosse meu, algo que não é qualquer cantora que consegue fazer com p público Em alguns momentos me lembrou até a Piaf, ao menos nos filmes que dela pude ver.
Uma clara influência do periodo que percorreu a Europa desfilando por lá seu talento.
A empatia com o público é fruto de uma presença de palco que cresce a cada shoe, até mesmo alguns imprevistos soube contornar como se tudo fizesse parte do show, tornou-o até melhor. Não tenho dúvida nenhuma que estamos diante da melhor cantora deste pais. Atualmente, lembra a Bethania em seus bons momentos - digo isso em termos de concepção de show.
No bís fez algo inédito, Adriana e seu violão interpretaram sua canção chamada Menina do jornal, uma música sensacional com uma série de sentimentos implicitos e explicitos, mas que cantada naquele formato ficou encantadoramente inesquecivel. Espero que repita a dose muitgo mais vezes, que nos apresente suas próprias canções ainda inéditas, dado o sucesso que fez.
Ela é portoalegrense, csantou com propriedade os caminhos da cidade, os caminhos da poesia do não=portoalegrense mais portoalegrense de que se tem noticia, quando interpretou O mapa, de Mário Quintana. Mas ela não é regionalista, não é MPB, não é estilo algum, é música em essencia sem encarceramentos sem limites e isso lhe denota um caráter plural, atinge a todos que conhecem e no mais intimo de cada um. Não houve quem tivesse saido dauqles momentos muito melhor do que quando entrou para assisti-la
Esperamos ansiosos por seu novo CD, certamente mais um momento antológico, sem os holofotes da midia, mas que reluzirá sobre nossos corações.

Filmes quase pela metade....

Ontem estive no cinema assistindo ao filme: Che - el argentino.
Mas minha satisfação maior não foi com a pelicula, mas sim por ter de farto curtido a história sem preocupações maiores.
O filme é excelente, um primor com rigor histórico, ainda que dizer que retrata a verdade é forte, dado que é uma adaptação do diário de ernesto, portanto, é a verdade dele.
Mas o que me deixou feliz mesmo, foi pelo fato de o filme ser em lingua espanhola. .
Isso porque pude ASSSISTIR e não ler as legendas apenas, algo que é raro em produções estrangeiras.
Digo isso porque uma parcela consideravel da população já tem problemas em coordenar-se ao ler as legendas e assistir o filme ao mesmo tempo. Agora imagine a situação de um deficiente visual? Um cego, obviamente não teria problemas, pois normalmente - até onde eu sei - estes sempre vão acompanhado de alguém que lhes descreva o que acontece bem como traduzir os diálogos.
Digo isso sobre aqueles que tem baixa visão, e que ao assistirem um filme tem uma IMENSA dificuldade para enxergar as legendas. Antigamente - no tempo em que eu ainda entrava na adolescencia- logo que me encantei pela sétima arte as legendas eram de certo modo grandes, em amarelo forte que permitia a leitura facilmente e sem inconvenientes.
Porém, a reclamação sobre as legendas atrapalharem as imagens foram tantas que logo teve alguém com uma ideia brilhante: mudar a cor da legenda e diminuir a letra;
Ir ao cinema tornou-se um martirio, um sacrificio, quase um exercicio de mágica, afinal, era preciso ao mesmo tempo, acompanhar as cenas, ler a legenda, tentar enxergar a legenda, tentar denovo... tudo isso em pouquissimos segundos. Resultado só assisto a filmes de modo confortavel e sem perder um pouyco da paciência, quando são em espanhol ou em português. Essas legendas brancas não permitem uma leitura adequada quando há fundos muito claros ou brancos, e a letra é tão pequena que nem o tamanho compensa, ou melhor, piora ainda mais.
O pior é que 99,9999% dos filmes legendados estão assim, então eu que adoro cinema, sinto-me segregado, desrespeitado até, pois paguem tanto quanto qualquer um, e não consigo assistir ao filme em sua integra. Oras, numa época em que tanto se fala na diversidade, mas nesse caso estamos no caminho inverso. Sem falar em outras questões de acessibilidade dos cinemas de porto Alegre, que deixo para cenas da próxima sessão. Esperando que este filme tenha um final feliz...

Esporte brasileiro d+eficiente

Hoje é um dia em que me ponho com a alma lavada e o coração cintilando de alegria. Digo isto porque mais do que normalmente já sinto, estou orgulhoso de ser deficiente, porque de certa forma façõ parte de um Brasil que dá certo. Me refiro aqui a participação honrosa e vencedora dos nossos atletas paraolimpicos em pequim, que conquistaram a nona colocação no quadro de medalhas, deixando a pergunta: Porque os "normais" não conseguem tal exito?
Nenhum de nossos atletas paraolimpicos reclamou de muita pressão, de excesso de treinamento, de poluição ou falta de incentivo governamental. sabemos que eles são tão ou mais prejudicados pela falta de investimento. Mas oras, nenhum caiu no ultimo salto, errou um gol feito, perdeu por concentração ou achou q o 10º lugar entre 10 concorrentes era ótimo.
Tanto se estigmatiza, tratando-nos como herói ou como coitados, porém quem teve os melhores resultados? se pensarmos assim, no espeorte brasileiro os "anormais" os "defeituosos" os "pouco úteis" são justamente os ditos normais. enquanto que os atletas de excelência são os que tem algum "erro" a ser corrigido.
Trago isso para o mercado de trabalho para a educação e para a cultura, e digo que é tudo uma questão de oportunidades. As pessoas com deficiência não são individuos imperfeitos ou incapazes de obter sucesso, mas tudo é uma questão de oportunidade. Basta dar educação e cultura adequada, oportunidades suficientes e mostraremos o quão valorosos somos, fora do heroismo e do coitadismo. Não buscamos a igualdade com ninguém, mas o direito a ser diferente e produzir dentro dessa diferença.
Os resultados da Paraolimpiada provam que não precisamos mais do que uma oportunidade para demonstrar o valor e a qualidade de cada um de nós. Queiram ou não os resultados mostram que o esporte brasileiro de qualidade excelente é o esporte dos sujeitos d+eficientes.
Por isso , quem se sujeita a seus limites, será sempre um sujeito limitado.

Aos meus amigos

Por onde passamos deixamos marcas peço caminho, algumas delas fugidias como quando escrevemos na areia da praia já sabendo que a força da maré apagará o que foi dito. mas em outras tantas ocasiões, nem mesmo o turbulhão que é a vida moderna permitem que se rompam os laços, e que nossas marcas voem como pétalas ao vento. Afinal, somos seres sociais - bem, uns mais anti que sociais - prescisamos do Outro, seja para nega-lo, para acolhe-lo e até para conhecer a si mesmo. Cada vez mais precedemos dessas relações mais intimas, agora são profissionais, momentaneas e m,elancólicamente superficiais. Pot isso temos a impressão de que quanto mais pessoas conhecemos mais estamos sozinhos. lamento informar, mas não é apenas impressão. Desta forma, ter émigos verdadeiros é como cultivar um bonsai, é resisitir a tormenta, é até um ato heroicamente quixotesco. Porqie amozade é sem fronteiras, sem regras estabelecidas ou com prazo de validade ou interesses mundamos.
Por isso quero homenagear a todos os meus grandes amigos que certamente sabem o quanto eu os amo. Mas para isso resolvi falar sobre a amizade mais maravilhosa que eu ja construi até hoje. Falo de minha esposa Patricia. Pode parecer redundante, paradoxal, anormal, mas não é. muitos casais não são amigos, logo, sua vida como casal começa antes mesmo de terminar. A Patricia é a coisa mais maravilhosa e transformadora que aconteceu na minha vida, é a mais bela poesia que não foi e nem será escrita, que me trouxe à luz como o sol que derrete o orvalho e o traz mansamente para humidecer a terra. De tantas vezes em que me vi em situações embaraçosas, não me reergui e não me reinventei por minhas próprias forças apenans por mim mesmo, mas também por ela, que até mesmo quando nem eu acreditava, ela me mostrou o caminho. è por causa dela que ainda luto e tenho credulidade em um futuro bom....
Nuncafui um ser que sobesse viver sozinho, embora incontaveis vezes a solidão se enamorou de mim, e eu, vulneravel sucumbi a suas vontades. Mas quando o canto da sereia quase me levava ao fundo do mar, ai apareciam os meus amigos e me guiavam pelo caminho certo.
Amo a todos os meus amigos incondicionalmente, cada um de um modo ou por um motivo diferente - mesmo porque amar alguém do mesmo modo é violentar suas particularidades e sua difernça individual. Tomei pára mim ao menos uma parte de cada um deles como em um vitral que visto separadamente cada peça pode parecer apenas retalhos, mas quando visto no todo formasm uma das mais belas produções artisticas.
Agradeço a todos por não me tratarem pelo coitadismo, ou pelo heroismo, diferente sim, pois todos somos. Por todos os lugares que caminhei, dos mais sombrios aos mais cintilantes eles estavam comigo. tenha sido eu a faca ou carne que fora cortada, ainda assim estavam ao meu lado. Esperro que possamos celebrar nossa amizade para todo o sempre, longe ou perto, há algo que nos unirá seja onde e como for...

A parte do todo por toda parte

Reclamar contra a opressão ou o que chamam de floxo da vida, me causa sim, um refluxo gástrico, com aquele gosto amargo de omissão tomando conta de meu paladar e de minhas narinas. Muitos batem no peito com aquele orgulho vil e ignorânte dizendo que o brasileiro é um povo pacifico. Mas permitam-me corrigir, pacifico não, passivo.
A maior epidemia deste pais é a do parasita "deixa pra lá" que ataca com imensa voracidade. Por exemplo, um governante compra uma pomposa mansão com dinheiro ilicito de sua campanha financiada por orgãos públicos e dizemos: - deixa pra lá, politico é assim mesmo. Ou então somos mal atendidos nas empresas privadas e ultrajados com o mal serviço público e dizemos: - deixa pra lá, não vou perder meu tempo com isso. Ou pior: - deixa pra lá, vou anular meu voto pra não pôr politico corrupto no poder. E assim se faz o admiravel gado novo.
Muitas vezes brtadamos contra as autoridades que dfescumprem a lei, mas somos os primeiros a faze-lo, a querer dar o "jeitinho brasileiro", a passar no sinal vermelho, a tomar "só uma dose" e dirigir,a furar filas, sonegar impostos e tantos outros artificios. Mas a revolução começa dentro de nós mesmos, se quero mudar o mundo, primeiro devo mudar a mim mesmo.
Se eu pareço lhes incomodar, é porque colocar o dedo na ferida causa vertigem. Mas não se enganem, mesmo que ninguém me ouça continuarei falando até que me calem. Seguirei o que falo mesmo que eu fique sozinho na estrada escura e fria. Sê mais sonho e menos R$eal; mais Che e menos Mcdonalds; menos prosa e mais poesia.
Queremos tanto salvar o planeta que plantamos eucaliptos ao invez de feijão. Rechaçamos o individualismo apenas quando este afeta nossos interesses pessoais.
Uma familia é atingida covardemente por policiais que executam ridiculamente uma criança e devastam a vida de uma familia, e estes seres inominaveis dizem que foi erro d opreação, são mais bandidos que os bandidos... E nós o que famzemos? Reclamamos entristecemos, mas um minuto depois passamos a falar da novela das 20hs, onde está nossa reação, será que o Iraque não é aqui? até quando seremos solidarios e passivos, até quando teremos compaixão e não acão? Até quando uma adolescente marginal tenta matar uma colega de escola e os demais colegas ficam assistindo como se fosse um desenho animado, dando risadas e filmando para por no youtube? senhores, estamos falando de seres humanos, e se hoje foi com ele e você não fez nada, amanhã será contigo, ou achas que nunca lhe acontecerá nada? pois isto é um tsunami do qual não estamos livres...
Pois como ensinou minha querida professora Cida Bergamaschi, é pelas atitudes que educamos, não apenas com palavras. Portanto, seja afavel mesmo com quem não o mereça. Pois como parte do todo podemos agir por toda parte.
Se estas palavras lhe incomodarem, estarei satisfeito. indigna-te, ou te tiraram até a dignidade.

Que saudades eu tenho...

Sou saudosista convicto, rego constantemente o jardim de minhas lembranças, uma ou outra vez um espinho me faz sangrar. Nada que apague o perfume que as flores das recordações exalam. Meu olhar diferente sobre o mundo me faz ver coisas que quem enxerga não vê. Antes de fenecer pretendo sorver da vida tudo que puder. Cada segundo que passa é um amigo fiel que se vai para não mais voltar. A cada instante que passa estamos mais próximos da morte, mas para mim é a lembrança do que passou que me faz sentir ainda mais vivo. Ainda ontem eu estava sentado no chão da sala lá de casa brincando de lego e ao fundo ouvindo Pynk Floyd que meu pai sempre colocava no toca-disco; Lembro da primeira vez que chorei de medo, e da que tive medo de chorar; Não saem de minha retina os que se orgulhavam de ser simples, e hoje, são simplesmente orgulhosos. Não esqueço de quando descobri que o amor verdadeiro está nos gestos mais singelos. Sinto falta dos amigos que perdi, e dos que eu conquistei. Dos amigos bons que o vendaval do cotidiano espalhou pelo mundo. E dos nem tão amigos que me mostraram os defeitos que tenho. Terei sempre um pouco de cada um deles dentro de mim, de seus sorrisos e de suas lágrimas. Me encontro com eles pelas esquinas dos meus pensamentos, e por isso estarão sempre ao meu lado. As despedidas para mim são como poesias de Augusto dos Anjos, corroem a carne até a última fibra, mas por causa disso me vejo ser-humano, como quem ama mesmo por entre as brumas. Despedidas são renúncias, amor sem renúncias não é amor por inteiro. O amor não aceita resultados fracionados. Tenho mais saudade ainda do que não vivi, do que nunca tive e do que nunca fui. Saudade dos caminhos que escolhi não trilhar, e também dos que trilhei. Cada escolha traz consigo desistências, certezas e dúvidas. Pudera eu ser onipotente, onipresente e onisciente para viver o máximo de experiências possíveis, carrasco e torturado; poeta e alienado; ser o tudo, nada e o que mais houver entre eles. Quanto mais saudoso sou mais me ponho contente, porque só sente saudade quem já foi feliz. Vejo o passado com olhos de menino, e vejo o futuro como o passado que vem surgindo.

O pior cego é o que quer ver


A uma "primeira vista" essa idéia é tão estapafurdia quanto um show de rock num mosteiro. Mas para mim, esta se trata de uma questão crucial para todos aqueles que se consideram diferentes, ou que são taxados como tal, como os cegos, por exemplo. Muitas vezes somos os protagonistas principais de nossa exclusão. Afinal, os primeiros que tendem a rejeitar a deficiência é o próprio deficiente. Já faz um bom tempo, na verdade nem sei bem quando aconteceu, que decidi romper definitivamente os laços com a normalidade. Até porque como diz Lygia Assumção Baptista em um dos seus livros: "que existe a normalidade isto é inquestionável, mas o que se pode e deve questionar são os critérios que usamos para defini-la". Aceitar-se é o que separa-nos da felicidade ou da melancolia, eu preferi o primeiro. Afirmo categóricamente, pode-se sim ser deficiente e ser feliz, tenho imenso orgulho em fazer parte da diferença, me orgulho de ser deficiente, pois assim é que eu sou, caso eu não tivesse deficiência seria outro, que não o que sou, para o bem e para o mal.
Estas lições e outras tantas aprendi estudando a cultura surda, que é fantástica e rica, conviver com os surdos e estudar sobre suas identidades culturais e cotidianos, me fez ser uma pessoa melhor, e um pesquisador com um rumo, mais atilado e com claras influencias de suas teorias e práticas. Mirem-se na cultura surda.
Perdemos tanto tempo de nossas vidas querendo ser o que não somos, que esquecemos dos jardins floridos que há em nós. Para que me servem os olhos da matéria organica, se tenho alta visão com os olhos d'alma.
Aceitarmo-nos é passo fundamental para sermos aceitos, e condição de um amanhã mais feliz. O pior cego é o que quer ver, porque este não se aceita como tal, mal sabe ele, o quão bela sua deficiência pode ser.

A "problemização da deficiência"


Na última quarta-feira em mais uma das enriquecedoras aulas de História da Educação no Brasil com a prof. Mária Aparecida Bergamaschi, dei-me conta de uma situação sobre a qual já havia percebido mas não refletido.
Quando a maioria das pessoas fala com ou sobre alguma pessoa com deficiência utilizam muitos eufemismos como o moço que enxerga pouco ou o rapaz que não ouve e etc... Isso é fruto ainda de um preconceito de se dar o nome correto aos individuos e suas situações, com o receio de magoa-las ou mesmo numa tentativa consciente ou não de marcar sua diferença sendo politicamente correto, como se esta diferença fosse algo tão assombroso como as bruxas do século XVI, e tão deploraveis como o mais horrendo tabu.
Muitos de nós deficientes contribuimos de certa forma com essa questão, primeiro por não aceitarmos nossa condição e não leva-la adiante com naturalidade, buscando ao maximo a padronização com a normalidade, tratando também de relacionar suas deficiencias com termos como "limitação" e "dificuldade". A aceitação do deficiente por sua própria identidade de deficiente, que pode optar por incorpora-la ou não é fundamental para dirimir tais preconceitos e idéias equivocadas sobre os significados que possuem tais representações. .
Mas creio que o termo mais emblemático e mais usado atualmente para denominar a deficiêciao ou a condição de sujeito é a palavra "problema". Digo isto por me sentir incomodado - mesmo que eu saiba não ser propositalmente preconceituoso - quando se referem a mim como "aquele guri com problema", ou "que bom queseu problema não lhe impede disso ou daquilo". Em verdade não sei bem se estão falando dos problemas matemáticos que tenho dificuldade em resolver, dos sentimentais que não os tenho pois me encontro muito bem casado, ou dos futebolisticos que por ser gremista, esses sim me preocupam muito.
Digo com sinceridade que para mim e muitos outros a sua deficiência não se constitui um problema, mas uma condição de vida, um traço caracteristico com o qual convivemos, no qual nos aceitamos, não há nada a ser resolvido nem solucionado. O problema não esta em nossa deficiência mas sim na incapacidade do Outro em aceita-la como parte de nós, como parte do mundo. O grande PROBLEMA, portanto, é não ver a diferença do Outro como um erro a ser corrigido, mas como um brinde a nossa diversidade.

Apresentação


olá.
É um grande prazer poder iniciar esta jornada, pois escrever é além de uma paixão, uma terapia constante. Começarei contando minha história;
Desde meu nascimento tenho uma sindrome da qual confesso a mais profunda ignorância de não saber o nome desta, mas sua caracteristica principal é a ausêrncia da iris dos olhos, que controla a entrada de luminosidade no globo ocular, acarretando perda na acuidade visual. Comumente é associada a disfunções renais, o que em mim, não se manifestou.
Já na idade escolar começou a se manifestar uma das consequencias da aniridia, uma catarata congenita, que aos poucos ia progredindo. Até que aos 14 anos tive que fazer cirurgia para resolver o problema da catarata no olho esquerdo que ja estava avançada e, em consequencia de maus procedimentos e de uma reação organica, tive glaucoma. nova cirurgia, e desta vez, não houve como salvar minha visão deste olho.
Fiquei a enxergar apenas com o olho direito, que por sua vez, tem ainda catarata, quase 12 anos depois.
O rpoblema maior ffoi que eu estava no auge da puberdade, os hormonios e as reações normais de um adolescente potencializaram as coisas. Realmente pensei em mandar tudo se f... mas ao ver meus pais e familiares compadecidos, decidi adotrar o caminho mais dificil, mas talvez o correto, transformar toda aquela energia revoltada em um potencial atomico de motivação. Detesto ser o coitado da história, não penso que n~çao enxergo do esquerdo, mas sim, que vejo com o direito, não penso que sou exemplo, mas sim, lutador como a maioria dos brasileiros que vive com salário minimo.
Talvez eu até agradeça minha condição pois eu não seria a pessoa centrada e cheia de vida que sou se não fossem esses acontecimentos. não sou acomodado ou resoluto, sou sim um soldado um titã por natureza.
minha luta é senão para mostrar o quão eficientes podem ser os deficientes, matar os estigmas, seja dos proprios deficientes sobre si, ou dos que os estigmatizam. quero com isso calar os esteriotipos de heroi ou de doente, somos gente, com suas falahas e virtudes.
Viva a diferença qualquer que seja ela, ame a diversidade.
mais adiante falarei mais, de mais coisas não só levantar a bandeira da diversidade, mas mostrar as idéias e pensamentos de um deficiente que não é só deficiente, é cidadão, é marido, esrudante, trabalhador, leitor, eleitor, baixinho, doidinho, ansioso, generoso, rmfim, um ser vivente, um ser do mundo....